Ser Jogral

"Ser Jogral é gostar / Duma forma predileta / De ler alto ou declamar / Versos de qualquer poeta !"


26 abril 2021

QUE ABRIL FERVILHE AINDA EM NOSSOS CORAÇÕES


Que Abril fervilhe ainda em nossos corações
Cheia de cravos vermelhos e doces emoções
Dando ao povo esperanças redobradas.
É um dia de sol e duma luz que inebria
Percorrendo as ruas e o povo em cada dia
Fustigando d´amor multicores, encarnadas…

Vivendo actualmente "a guerra pandémica" do Covid 19 e toda a problemática relacionada com os nefastos reflexos do coronavírus, que assolou e assola todo o mundo, que já nos levou cerca de 7.000 cidadãos nacionais, é na esperança da vacinação massiva, que está em curso, um pouco por todo o mundo, onde todos nos agarramos, aspirando à reconquista de uma Liberdade, que só na madrugada libertadora do dia 25 de Abril de 1974, encontra inspiração e motivação...

47 anos passados, (parece-nos que foi ontem!..), temos um país amedrontado, meio inerte, empobrecido, duvidoso e incerto na retoma ansiada. 

Na Assembleia da República, saliento, porque fugiu à vulgaridade discursiva, o excelente discurso proferido por Sua Excelência o Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que deixando a luta partidária para os Partidos ali representados, se debruçou, com a qualidade e sapiência que o distinguem, sobre uma abordagem histórica do colonialismo, das nefastas consequências e traumas profundos, causados por uma guerra injusta, anacrónica, indesejável, que ceifou a vida a milhares de portugueses e africanos.

Porém, com o distanciamento possível, que só o passar dos anos aconselha maior prudência, na condenação de actos de selvajaria pura, de ambos os lados, de condicionamento de liberdades entre povos, de atitudes racistas e xenófobas, de ambas as partes, será conseguida a imparcialidade e o distanciamento avaliador da culpabilidade dos militares e civis "empurrados" para uma guerra indesejável.

Não deixou de dizer ser filho de um antigo Governador de Moçambique, (Baltazar Rebelo de Sousa), que às ordens do Estado Novo, foi compelido e enviado para uma missão que o seu país lhe impôs, seguindo ele, na Assembleia da República, anterior ao 25 de Abril e na Constituinte de 1976, outra posição mais consentânea com as novas realidades, o que aplaudo e reconheço. 

O tempo, o distanciamento, fará justiça, tanto àqueles que se viram "forçados" a embarcar para as ex-Colónias, como os que foram mobilizados pelas suas chefias militares a seguir o mesmo rumo e também àqueles, que por medo ou por opção política, desertaram e se exilaram noutros países.

Assim como, jamais deverão ser esquecidos, os portugueses que, por razões políticas, de serem contra a guerra, foram presos e torturados, alguns até à morte, nas cadeias do Regime caduco e bafiento de Salazar e Caetano.

A todos, o país deve estar grato. Aos países lusófonos que ocupámos, colonizando-os, hoje, devemos respeitar a sua independência, ajudá-los, dar-lhes apoio, se o desejarem. São nossos irmãos de sangue, independentemente da cor da sua pele, da religião que professam, da riqueza ou pobreza de suas terras.

O 25 de Abril trouxe-nos isso! A capacidade de pensar, de falar, de respeitar a liberdade dos outros.

Felizmente, como representante maior do Estado português, temos um Homem simples, culto, afectuoso, íntegro, apoiado por uma esmagadora maioria do povo português. 

Que assim siga o seu trajecto.

O país que é o seu e é o nosso, agradece.
25 de Abril de 2021
(J. Aleixo)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.