Ser Jogral

"Ser Jogral é gostar / Duma forma predileta / De ler alto ou declamar / Versos de qualquer poeta !"


02 abril 2021

MORREU RODRIGO CORVO


"Um Amigo... um Jogral"


É com muita mágoa que informo o falecimento do meu grande amigo de infância Rodrigo Corvo. Foi ontem pelas 20,00 horas.

O funeral será amanhã Sábado a partir das 14 horas, cuja cerimónia fúnebre se realiza na Igreja do Pé da Cruz, de onde sairá o corpo para o cemitério de Estoi. 

Lá estarei com muita mágoa e tristeza. 

Ex-Presidente da Junta de Freguesia de Estoi, Jogral fundador, praticante de futebol e andebol, todos deverão prestar-lhe a homenagem merecida, em reconhecimento pelo que foi e fez pela nossa aldeia.

Da carta que fiz e entreguei às suas filhas no dia 19 de Abril, dia do pai, transcrevo  alguns parágrafos iniciais em sua homenagem, como testemunho simples e direto de um dos seus grandes amigos que sempre teve por ele grande apreço e admiração. 

"Meu querido Amigo Rodrigo Corvo

Sei, lamentavelmente, que infelizmente já não irás receber e ler a minha carta!.. 

Uma carta que nunca pensei escrever-te, a ti Amigo, grande amigo de infância, minha referência, meu protetor, meu companheiro de tantas “jogatanas”, no adro da nossa Igreja, no Campo Ossónoba, ou no Colégio em Castelo Branco, onde estudámos juntos, como internos no I.S.A… 

A tua precária saúde já não o permite… 

A terrível “pandemia” do Covid 19, que já ceifou a vida a quase 7.000 portugueses, afasta-nos dos contactos de proximidade.

São muitas e belas as recordações que guardo a teu lado, bom amigo!.. 

Na tua “pasteleira”, sentado no quadro, com as pernas para um só lado, percorríamos esses caminhos rurais de Estoi, em velocidade mas em segurança na condução, em momentos de lazer inesquecíveis…

Tu eras mais velho do que eu! Cerca de dois anos. Por isso na Escola Primária de Estoi, eras de uma turma diferente da minha, da D. Aristoletina ou da D. Eurídice Quaresma, irmã do saudoso Prof. Amílcar, com quem mais tarde, iríamos fundar os Jograis António Aleixo (15 de Agosto de 1974). 

A minha Professora era a vetusta e rija Prof.ª D. Beatriz, que invariavelmente proferia, antes das tradicionais e bem merecidas reguadas, a inesquecível frase: -Arrebento-te com o canastro e tiro-te as ganas do comer p´ra fora… Tal e qual! 

Que saudosos tempos meu Deus…

Combates de pedrada foram tantos! Sim, de pedrada(!), entre “equipas” colocadas estrategicamente na fazenda do Sr. Picanço e outras na tua horta frente ao campo de futebol. 

Algumas deixaram visíveis, perenes e irreversíveis marcas nas cabecinhas da rapaziada lutadora, ingénua e desprevenida d´outrora… Abençoadas pedradas!..

Quando fazíamos escolha para uma jogatana de futebol, tentávamos ficar sempre do mesmo lado. Eu mais habilidoso e tu pujante e sóbrio como um pêro. Se as minhas fintas eram interrompidas com as habituais rasteiras ou caneladas, vinhas sempre em meu auxílio e ai daquele que passasse os limites! 

Era aquela “biqueirada” no traseiro…

Recordo, quando muito meninos, eu, tu e o Tó Faria, nas noites quentes de Agosto, de calção curto, como nós gostávamos, sentados no poial da Igreja, ouvíamos atentamente as mirabolantes estórias do “Zé Maxial” (irmão do Abílio, que já se foi!..), estórias de gigantes, de monstros, que ele inventava amiúde e nós, para pagar o “trabalhinho”, pagávamos com figos torrados que ele nos pedia aos três, interrompendo, intervalando a estória, só regressando a ela, se fossemos a nossas casas buscar mais uma algibeirada deles… 

E lá partíamos velozes em busca da fruta salvadora! Que tempos esses!.. ... ..." 

(J. Aleixo)



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